A cidade e o castelo
Havia uma espada arquetípica, uma energia, uma essência.
Havia múltiplas espadas da espada una, ungida - Excalibur, ostentada pelo Arcanjo. Havia um Cálice e uma Fonte, que dessedentavam múltiplos guerreiros que, por sua vez, espalhavam a bênção. Havia uma única Cidade de Deus e um único castelo, arquétipos de todas as habitações e de todas as fortalezas da Luz. Havia um único Som e múltiplas vozes, um único Poder e múltiplos tambores de guerra, uma única orientação e múltiplas missões. Havia um só exército e múltiplos guerreiros e, em cada guerreiro único, múltiplos poderes. Havia um único Portal e múltiplos caminhos.
No castelo único era traçado um só plano – os seus executores eram múltiplos. Havia um único rei, mas a nobreza era múltipla. Havia poucos símbolos, mas os discernimentos atuavam face à multiplicidade. Havia poucos guerreiros e muito Poder, pouco tempo e muita ação. Havia uma única conquista por fazer e múltiplas batalhas por travar.
De subplano em subplano, a Cidade e o Castelo iam descendo. Cada degrau tinha que ser conquistado, cada avanço custava muito suor e muito sangue. A conquista, no entanto, era imperativa. A Guerra Santa estava declarada, porque o impulso das estrelas não podia esperar, porque havia grandes seres a caminho dos postos a conquistar, porque a iniqüidade era tanta que, por fim, a Lei dos Ciclos comandava as hostilidades.
Nesta guerra, travada com intenso Amor, os adversários não eram seres, mas pensamentos e emoções, circunstâncias e instituições perversas, estados de ânimo e doença, muita doença. Na Terra encoberta pelas asas do Dragão, a única esperança dos homens residia na Invasão Divina. O único modo de derrubar para sempre os baluartes das trevas era afirmar a Cidade de Deus. O único modo de libertar a Terra era precipitar a Cidade de Deus.
Por isso eram necessários os guerreiros. Quem mais teria a coragem de vencer os hábitos do mundo? Quem mais usaria a inofensividade perante as garras do inimigo? Quem mais responderia aos insultos com canções; quem mais responderia às feridas com o perdão; quem mais responderia à vingança, à inveja e à avareza com a misericórdia? E quem mais responderia ao orgulho desistindo de si próprio e à arrogância com a consciência da Unidade? Quem mais responderia à impureza e ao calculismo com o transparente cristal de si mesmo? Para afirmar a Vida Divina, para transportá-la e derramá-la por entre as feras, para utilizá-la como bênção e Luz curadora, somente guerreiros podiam servir: Guerreiros da Cidade de Deus, guerreiros da Fortaleza do Graal, guerreiros da Espada Una.
Por amor da Humanidade por resgatar, conquistavam-se a si próprios. Assim podiam oferecer o coração para que aí se precipitasse um fragmento da Cidade Una. Assim podiam usar esse fragmento para atrair a chama líquida do Graal e utilizá-la para inspirar os homens a uma conquista semelhante. Desse modo, encorajavam a demanda. Quando se juntavam os seus corpos cristalinos formavam muros de Luz. Com os muros de Luz, formavam edifícios da Cidade Divina e torres ou ameias do Castelo do Graal. Assim, iam precipitando, no mundo, o que não era do mundo. Assim, iam vivendo na Terra a vida dos Céus. Por causa deles, que eram poucos, mas anunciavam a imensidão cósmica, a Grande Cidade ia-se precipitando. Lentamente no início e, depois, cada vez mais depressa. Por causa deles, que se esqueciam de si constantemente, os homens relembravam a herança. As trevas dissipavam-se e os trevosos ou eram resgatados ou empurrados para muito longe pela Luz.
A glória dos guerreiros exilados voluntariamente (colonizadores da Luz) era tanto maior quanto mais o seu sangue fertilizava a Terra. Neste sangue misterioso havia lendas e harmonias sussurrantes, relembrando a taça que, outrora, recolhera o sangue do grande guerreiro morto pelos homens para salvar os homens. Essa taça, que fora levada numa barca lendária antes de ser reenviada aos Céus, devia agora retornar à Terra. O sangue do Amor, da dedicação e da inofensividade sem limites devia abrir-lhe o caminho. No fim, a determinação iria devolvê-la aos homens.
Djwal Kul & El Morya
Texto extraído do Livro Novas Escrituras do Centro Lusitano de Unificação Cultural uma verdadeira obra prima, canalização de altíssima qualidade que fala ao espírito.