O dia das lágrimas libertadoras

No percurso evolutivo de cada ser humano,
acaba sempre por chegar o dia em que,
simultaneamente,
ele reconhece a pequenez do que tem sido e a grandeza do que pode ser,
como réplica microcósmica da grandeza universal,
a cuja “imagem e semelhança foi concebido.

Nesse dia, ele sente todo o universo palpitar dentro de si,
compreende a perfeição e a beleza da ordem cósmica que o envolve e o engloba,
reencontra a maravilhosa dádiva do Amor Divino
que em toda Natureza se manifesta, reflete e exalta.
Ao mesmo tempo, confronta-se com a mesquinhez que tem feito da sua vida,
reconhece quão pequenos tem sido seus momentos maiores,
sente a vertigem da distância que o parece separar da dignidade e
plenitude pressentidas .

Do íntimo da sua alma, vem uma comoção profunda
---repleta de inegoísmo e de amor---
que o penetra, que o invade, que o preenche, que o arrebata e sublima,
que ao mesmo tempo o eleva a alturas jamais sonhadas
e o verga de espanto, de remorso e de consciência do muito que há a fazer
e do pouco que foi feito.
Então, ele se recolhe e as lágrimas brotam, no verdadeiro momento da autenticidade,
do reencontro consigo mesmo, da visão do que realmente vale e importa;
então, uma prece espontânea, se desprende do seu coração e da sua inteligência;
então ele começa a evolar-se da sua pequenez,
dos grilhões que por si mesmo gerou,
das grades e das barreiras que o afastavam do Amor.
Por isso, a este dia, a esta ressurreição do Homem para a Vida,
chamaremos o Dia das Lágrimas Libertadoras.

Nesse dia, ter-se-á compreendido a essência da religião,
a verdade da evolução e a grandeza do Amor.
Nesse, ter-se-á vislumbrado a Liberdade,
o caminho do retorno à Divindade,
a grandeza do sentido de viver.
E os Céus e a Terra exultarão em cada ser que, nesse dia,
firma o traço indissolúvel de união entre o mundo, volvido digno,
e a Glória do Divino, contemplada enfim.

MAITREYA